O grupo que inventou uma estatal e deu o golpe na Praça dos três Poderes

A Polícia Federal investiga uma turma de golpistas, entre eles um político petista, que inventou uma autarquia, deu prejuízo a investidores e enganou até o ex-presidente da Câmara dos EUA

FILIPE COUTINHO E THIAGO BRONZATTO
A página 161 do Diário Oficial da União de 15 de maio de 2012 anunciava um projeto ambicioso: a fabricação de lâmpadas LED para instalação em 5.566 cidades do país. Ao custo de R$ 3,7 bilhões, o tal projeto fazia parte do pomposo Programa Governamental Brasileiro de Modernização e Racionalização da Iluminação Pública. O Diário Oficial informava que a contratação ficaria a cargo da Agência Pública Nacional de Infraestrutura e Tecnologia, ou Proinfra. Na terra da burocracia, um troço chamado Proinfra não poderia ser empulhação. Com sede próxima à Esplanada dos Ministérios, a Proinfra tinha nome de estatal, site de estatal, brasão de estatal, jeito de estatal – mas não era estatal. Era uma invenção de espertalhões para dar golpes na Praça dos Três Poderes.
ROTEIRISTA O petista Carlos Rigonato (acima) com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Abaixo, publicação sobre a falsa autarquia no Diário Oficial. Gleisi, ao que tudo indica, não sabia nem participava do esquema (Foto: reprodução)
Publicação sobre a falsa autarquia no Diário Oficial. Gleisi, ao que tudo indica, não sabia nem participava do esquema (Foto: reprodução)
Quem tramou o embuste? O obscuro empresário pernambucano Roberto Oliveira, que escalou como “diretor-geral” o petista Carlos Rigonato, um ex-candidato a deputado federal no Paraná. Em 2011, no início do governo Dilma Rousseff, eles conseguiram registrar o site da Proinfra com terminação “.gov.br”, passaram a publicar contratos grandiosos no Diário Oficial da União e a exibir uma certidão de bons negócios emitida pela Caixa Econômica Federal. As paredes do escritório da Proinfra ostentavam os pequenos toques que anulavam qualquer dúvida: uma foto oficial da presidente Dilma Rousseff e a bandeira do Brasil. A Proinfra tinha até CNPJ, mas não existia. Nunca existiu – ao menos como parte da burocracia do governo. Após anos enganando empresários que acreditavam fazer negócios com o governo brasileiro, a turma da Proinfra finalmente virou caso de polícia. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o esquema.
A burocracia em Brasília é tão vasta que até existe uma Proinfra. Aliás, duas Proinfras. Uma fica na Caixa e outra no Ministério da Ciência e Tecnologia. Ambas financiam projetos de infraestrutura. A Proinfra de mentirinha fechou em 20 de março deste ano, quando a Receita Federal cancelou o CNPJ dela. Após ÉPOCA investigar o caso, o site da estatal fajuta saiu do ar. Na maquiagem governamental da Proinfra, a agência se apresentava como “Associação Pública de Direito Público e Natureza Jurídica Autárquica”. Carlos Rigonato, o petista do Paraná, encarregava-se de apresentar as credenciais políticas da estatal. Ele tinha fotos com o mais eminente casal petista do Brasil: o ministro Paulo Bernardo e a senadora Gleisi Hoffmann, ambos do Paraná. Uma delas foi tirada no Senado, no dia em que Gleisi foi anunciada ministra da Casa Civil, em 2011. Não há, porém, evidências de que Gleisi ou Paulo Bernardo participavam ou mesmo soubessem do esquema. A senadora afirma conhecer Rigonato só por ele ter sido vice-prefeito no Paraná e não saber da existência da Proinfra. Roberto Oliveira, o parceiro de Rigonato, apresentava-se como diretor de Relações Institucionais da Proinfra. Cabia a ele convencer empresários a investir na fabulação.
Roberto Oliveira e o cartão falso que utilizava informando que era o diretor da estatal de mentira  (Foto: Reprodução)
A Proinfra tinha sede, mas não investia um real de dinheiro público. Os contratos fictícios com outras empresas eram publicados na seção de Ineditoriais do Diário Oficial – um buraco negro da burocracia, em que qualquer um pode publicar qualquer coisa. A autarquia fajuta usava uma empresa de fachada chamada Macroenergia, que pertence a Roberto Oliveira, para captar o dinheiro dos investidores. A Proinfra tinha sede, mas não conta bancária. A Macroenergia tinha conta bancária, mas não sede. Bastou a Proinfra publicar no Diá­rio Oficial que contratava a Macroenergia por R$ 980 milhões – e puf! Um enxame de empresários apareceu para fazer negócios com a estatal de mentira.
O grupo liderado por Roberto Oliveira oferecia dois serviços às vítimas: promessas de subcontratação da Macroenergia (butim imaginário de quase R$ 1 bilhão) e promessa de negócios diretos com a formidável Proinfra (butim imaginário de R$ 10,5 bilhões). Para fechar qualquer dos serviços, os empresários interessados precisavam pagar um pedágio – propina – a eles. Era o ato final e irresistível do golpe.
Na prática, a Proinfra era apenas uma extensão dos negócios de Roberto Oliveira, auxiliado por Rigonato. Sua filha foi uma das “nomeadas” no Diário Oficial. A parceira Macroenergia tem o mesmo endereço da Proinfra. O grupo ainda contava com um gerente da Caixa, que atestava a robustez financeira da Macroenergia. Roberto Oliveira gostava de dizer que era próximo de petistas como o deputado Marco Maia. Jactava-se de que Maia estava montando uma “frente parlamentar” para acelerar os projetos da Proinfra. E chamava o deputado e ex-ministro Aguinaldo Ribeiro, do PP, de “nosso parlamentar”. Maia e Ribeiro disseram a ÉPOCA não conhecer Oliveira nem a Proinfra.
Dennis Hastert, chegou a se reunir com os "diretores" da Proinfra e disse que um colega americano tomou prejuízo (Foto: Reprodução)
O esquema era tão verossímil, e a lábia da dupla tão boa, que muitos caíram no golpe. Em abril de 2012, Roberto Oliveira se encontrou com Dennis Hastert, ex-presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e lobista. Na reunião, Roberto Oliveira falou dos potenciais na área de energia do Brasil e pediu que Hastert indicasse empresas americanas interessadas no negócio. Oliveira sugeriu o melhor caminho para tornar viável o negócio: contratar a Macroe­nergia, claro. A parceria não avançou. Em e-mail à reportagem, Hastert contou que quem o apresentou a Roberto Oliveira acabou sendo demitido. E informou que um representante de uma empresa americana morreu logo depois de perder uma “grande quantidade de dinheiro” em negócio com Oliveira. Mas não quis dar detalhes.
ÉPOCA localizou dois empresários que caíram no conto da Proinfra e transferiram quase R$ 2 milhões a contas ligadas ao esquema. No Brasil, Jorge Valente, proprietário da Bio Brasil Energia, de Goiânia, é um dos empresários que levaram prejuízo. Ele conheceu a estatal de mentirinha por meio de um sócio, que o apresentou a Carlos Rigonato. “Desde o começo, ela me era apresentada como uma autarquia do governo federal. Eu nunca conseguia entender a que ministério era ligada”, diz Valente. O empresário afirma que o negócio com a Proinfra começou ainda em 2011, quando Oliveira falou do potencial de negócios da Bio Brasil: R$ 1 bilhão. Valente vibrou.
Jorge Valente, proprietário da Bio Brasil Energia (Foto: Reprodução)
Agora, ele conta quase R$ 700 mil em prejuízo – valor que transferiu a empresas “parceiras” da Proinfra. Todas eram ligadas ao grupo. Perguntado se os valores pedidos não eram na prática propina, Valente afirma que a justificativa era alavancar os negócios e bancar as despesas iniciais. A empresa de Valente entraria com metade, a Proinfra com a outra. O empresário diz que, até hoje, não viu o dinheiro da Proinfra.
Ele diz ter percebido que a operação era uma furada apenas quando Roberto Oliveira sugeriu uma empresa sem ligações com a Proinfra para receber R$ 100 mil do empresário. A justificativa: a Proinfra ainda não tinha conta bancária. Valente pagou mesmo assim. “Eu tinha boa-fé, fui uma presa fácil. Eu ficava pensando ‘e se der certo?’. Os números eram maravilhosos”, diz.
Valente conta que viajou com Roberto Oliveira para os Estados Unidos, o Canadá, a Turquia e o Uruguai, sempre para levantar os tais negócios prometidos. “Ele é destemido, é o perfil de um estelionatário”, diz Valente sobre Oliveira. Até os caminhões da empresa de Valente entraram no negócio rocambolesco entre Proinfra e Macroenergia. Ele acertou a venda de cinco caminhões, e Oliveira cobrou R$ 98 mil como comissão por indicar o comprador – a Macroenergia, empresa que era da família dele. Valente pagou a comissão, mas nunca viu o dinheiro dos caminhões. Por sorte, nunca entregou os veículos. Ali terminava a parceria. “O Roberto dizia que eu estava chorando de barriga cheia por causa de R$ 700 mil, enquanto os negócios poderiam ser muito maiores.”
Até um empresário da área de soft­ware de segurança caiu no 171 da estatal de mentira. Israelense, Michael Gamliel mantém em Santa Catarina a ABG Computer e fechou um contrato fajuto de R$ 8 milhões com a turma da Proinfra, para fornecer programas de computador ao governo. O contrato era fajuto, mas não o dinheiro que ele pagou ao esquema: R$ 1,15 milhão, sempre em contas ligadas a Roberto Oliveira. “Me apresentaram como uma pessoa do governo. Ele dizia que, para trabalhar com o governo, tinha de trabalhar com as empresas que já eram parceiras do governo e para isso tinha de pagar para viabilizar o negócio. Eu sou estrangeiro, não entendia como funcionava e acreditei”, diz Gamliel. Nada mais natural para um estrangeiro que pagar pedágio no Brasil.
ÉPOCA questionou o Ministério do Planejamento, a Imprensa Nacional e a Casa Civil sobre como a Proinfra conseguiu o status de autarquia. A Casa Civil informou que em 2013 encaminhou o caso para a Polícia Federal. O Planejamento, por sua vez, disse que autorizou o site a usar “.gov.br” a partir da documentação enviada, mas que pedirá o cancelamento do site e vai apurar o caso. A Imprensa Nacional disse que qualquer pessoa jurídica pode publicar na seção de Ineditoriais do Diário Oficial. A Caixa disse que os documentos emitidos pelo gerente não seguem o padrão do banco e apurará o caso. Rigonato disse a ÉPOCA que saiu da Proinfra porque os contratos não foram honrados e ele não recebeu os valores prometidos. Ele afirma também que não mantém atividade partidária desde 2006. “Eu desconheço que atuava como uma estatal. Eu sinceramente não sei por que tinha site ‘.gov’. Quem tocava os negócios era o doutor Roberto. Pelo que sei, ele desapareceu”, disse ele. Rigonato nega que a Proinfra era uma estatal para dar golpes em empresários. “Nós juntávamos interesses de empresários. Éramos intermediários.” Roberto Oliveira, sua filha e a Macroenergia não foram localizados por ÉPOCA. A Polícia Federal irá atrás deles.

MP apura a responsabilidade por caos financeiro da gestão passada

Segundo a promotoria, com relação ao Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, por exemplo, já foram identificados "vários indícios de irregularidades"
 
Já tramitam seis ações de improbidade administrativa contra o ex-governador Agnelo Queiroz, no Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT). E muitas outras estão a caminho. A depender da atuação da força-tarefa, composta por pelo menos sete promotores no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Segundo a promotora Cíntia Costa da Silva,  com relação ao Estádio Nacional de Brasília, o Mané Garrincha, por exemplo, já foram identificados “vários indícios de irregularidades”.
“Existem várias investigações em curso. A gente vai analisando a possibilidade de ajuizamento, conforme vão chegando ao fim”, explica, reforçando que o MP tem trabalhado com cautela. “Sobre o Estádio Nacional, ainda não saíram ações, porque existe um trabalho de análise, perícia. E todos os procedimentos são complexos”, afirma a promotora, que diz entender a ansiedade da população para responsabilizar os culpados pelo que chamou de “caos” no DF. 
“No Ministério Público, não tem ninguém conformado (com a situação do Estádio). Mas este é um trabalho que exige muito cuidado”, relata a promotora.

Prioridades

Com um volume grande de investigações em curso, os promotores têm priorizado as ações que envolvem gastos e podem, nas palavras da promotora, aumentar o deficit financeiro do DF. “Nós procuramos evitar que esse prejuízo aumente”, reforçou.
Não se trata de uma “caça às bruxas”, esclarece Cíntia. “Não estamos correndo atrás de ninguém. Estamos apurando os motivos do caos, procurando responsabilizar quem causou, independentemente de quem seja”.

Força-tarefa

Algumas investigações, destaca a promotora, estão em curso  há algum tempo, embora a força-tarefa tenha sido instalada neste ano, com o objetivo de   apurar as responsabilidades civis e administrativas para o desequilíbrio financeiro do DF.
O grupo de promotores trabalha em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Tribunal de Contas DF. “As investigações demandam um trabalho muito maior. Com essa iniciativa, conseguimos acelera este trabalho”, afirma a promotora.

Decisão do TJDFT reforça improbidade

Uma das ações de improbidade administrativa que tramita no Tribunal de Justiça é que a busca responsáveis pela reintegração do ex-deputado distrital Marco Lima aos quadros da Polícia Militar do DF. Recentemente, o TJDFT anulou os atos que formalizaram a reintegração e proibiu o Distrito Federal de fazer pagamentos retroativos ao ex-deputado, calculados em cerca de R$ 1 milhão.
Destes, R$ 200 mil já teriam sido pagos ao policial, conforme a promotora Cíntia Costa da Silva. “É claro que essa decisão (que cancelou os atos) tem uma repercussão na ação de improbidade administrativa, que ainda está em curso, porque o fato originário - a nulidade - já está reconhecida”, argumenta Cíntia.
Marco Lima ingressou na PMDF em 1987 e, em 1992, foi afastado da corporação por razões disciplinares. Em 1994, candidatou-se ao cargo de deputado distrital. Eleito, tomou posse em 1º de janeiro de 1995. Em agosto do mesmo ano, foi editado um decreto distrital que anulou o afastamento de Lima e de outros oito ex-policiais.
No entanto, em 2000, a PMDF expediu portaria, respaldada pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF), que afastou  Lima da corporação a partir do registro da candidatura, em julho de 1994. Em 2010, Agnelo Queiroz reintegrou Lima à corporação.

Ressarcimento

O Ministério Público, ela explica,  busca a responsabilização desses atos, que geraram efeitos para o estado. “Quando o ato é considerado nulo, não pode gerar efeitos. Com a   improbidade, o MP busca também  o ressarcimento ao erário”, conta.
Na ação, a Promotoria pede que Agnelo Queiroz seja condenado a ressarcir aos cofres públicos os valores recebidos por Lima.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

No Maranhão, Petrobras deixa esqueleto de uma ‘quase’ Pasadena e um rastro de desolação

Alvo da Operação Lava Jato, a Premium I deveria ser maior que Abreu e Lima, mas só trouxe gastos e transtornos sem sequer sair do papel

BANDIDAGEM O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, a governadora do Maranhão Roseana Sarney e o ex-presidente Lula durante lançamento da pedra fundamental da Refinaria Premium I no Maranhão em 2010


Dia 15 de janeiro de 2010. Num palanque montado na pequena cidade de Bacabeira, no Maranhão, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava sobre a possibilidade de equiparar a economia do Nordeste à do Sudeste: "Por trás de um empreendimento desses, virão hotéis, restaurantes, estradas e uma série de coisas que nós ainda não conseguimos enxergar". Lula referia-se à construção daquela que seria a maior refinaria do país e a quinta maior do mundo, a Premium I, cuja pedra fundamental era lançada naquele instante. Junto a ele estavam petistas e aliados de outrora: a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, o ministro de Minas e Energia Edison Lobão e o presidente da Petrobras Sergio Gabrielli.
Dados sobre refinaria Premium I
No meio da plateia, a agricultora Maria José de Sousa, de 53 anos, assistia atenta à cerimônia. Era a primeira vez que via aquelas ilustres figuras no município de 16.000 habitantes, a 40 quilômetros de São Luís. De todos os discursos que ouviu, o que mais lhe chamou atenção foi o da governadora Roseana, que prometeu pagar uma bolsa de 500 reais e dar uma casa nova às famílias que moravam no terreno onde seria instalada a refinaria.
Maria José estava feliz com a possibilidade de ser uma das beneficiárias. Para isso, precisaria abrir mão da área onde morava e entregá-la à Petrobras. Em troca, ganharia uma casa num conjunto habitacional com outras cerca de 200 famílias cujas terras seriam desapropriadas. A expectativa mudança ainda lhe causava um frio na barriga. "Todo mundo da comunidade foi para lá ver o Lula. Mas não conseguimos chegar muito perto porque tinha muita gente. A refinaria criou muita expectativa no nosso povo. Achávamos que nossa vida ia melhorar muito, que teria emprego para nossos filhos e netos", afirmou.
Passados cinco anos do evento, Maria José e as demais famílias da cidade vivem precariamente. Não recebem em dia os benefícios prometidos pela então governadora, não possuem o emprego garantido por Lula e não podem continuar plantando, já que suas terras pertencem à estatal e se tornaram impróprias para o plantio, devido à terraplanagem da área. O cenário é de miséria total.
Quase Pasadena
A Premium I foi idealizada pelo governo petista dentro da estratégia megalomaníaca de refinar petróleo no Brasil para transformar o país em exportador de óleo diesel. Abreu e Lima existe para provar que o plano deu errado. Prevista para custar 2 bilhões de dólares, a obra está inacabada, já drenou 18 bilhões de dólares do caixa da Petrobras e foi alvo de investidas corruptas de ex-diretores da estatal, de acordo com as investigações da Operação Lava Jato. Analistas garantem que dificilmente a refinará dará à empresa o retorno do que foi investido.
Depois da descoberta do pré-sal, o então presidente da República usou a política de refino para angariar apoio político em alguns Estados, sob o pretexto de trazer desenvolvimento regional — e o Maranhão se enquadra nesse xadrez. Mas, diante do choque de realidade com o qual a Petrobras se deparou nos últimos três anos, as empreitadas não só foram canceladas (além da Premium I, a Premium II, no Ceará, também saiu do radar), como a Petrobras recentemente anunciou mudanças em toda a sua estratégia: investirá prioritariamente em exploração de petróleo, não mais em refino. Levando em conta os altos custos de produção no Brasil e a queda do preço do barril do petróleo no mundo, a estatal deu-se conta de que o refino é um péssimo negócio para países cuja indústria não é competitiva, como o Brasil.
Ao site de Veja, um ex-conselheiro da estatal disse, sob condição de anonimato, que a refinaria maranhense já havia sido descartada em 2012. "Quando Graça assumiu, ela deixou bem claro que as refinarias só sairiam quando se provassem economicamente viáveis. A Premium não era, e ela sabia", afirmou o conselheiro. A petroleira chinesa Sinopec se interessou pelo empreendimento, mas não conseguiu concordar com a Petrobras quanto à taxa de rentabilidade mínima. A chinesa pedia 12% e a Petrobras queria 8,7%. Em áudio obtido pelo jornal O Globo, Graça Foster comparou a Premium I ao fiasco de Pasadena. Foi justamente a taxa de retorno mínimo, chamada de Cláusula Marlim, que elevou em quase 800 milhões de dólares o rombo da refinaria americana no caixa da estatal. "Como a gente pode garantir a eles uma taxa de 12% ao ano? É a cláusula Marlim vezes dois", disse, entre risos.
Lava Jato
Antes de ser cancelada, a Premium I passou por apenas uma obra: a terraplanagem da área, que custou 583 milhões de reais. Mas até uma atividade tão corriqueira no setor de infraestrutura foi, tudo indica, alvo de contravenção. O Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento no contrato com empresas de tratores, além da falta de estudos de viabilidade técnica. O balanço da Petrobras de 2014 relata baixa contábil de 2 bilhões de reais com a refinaria.
O serviço de terraplanagem também abriu um leque de possibilidades para os envolvidos na Operação Lava Jato. O Ministério Público Federal (MPF) detectou indícios de pagamento de propina a políticos para direcionar os contratos da Premium ao consórcio formado pelas empreiteiras Galvão Engenharia, Serveng e Fidens. A Premium I também aparece nos depoimentos de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. Eles relataram à PF que as construtoras pagaram propina de 1% sobre o valor do contrato para construção da refinaria aos deputados do PP gaúcho, Luiz Fernando e José Otávio.
Além das citações referentes às obras de terraplanagem, o ex-diretor afirma que tratou de propina para a campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão em 2010 durante reuniões cujo tema central era a refinaria. O dinheiro — cerca de 2 milhões de reais — teria sido pedido pelo ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Curiosamente, Alberto Youssef foi preso em São Luis, no Maranhão, tratando de negócios suspeitos.
Perdas incalculáveis
Com o anúncio da refinaria no Maranhão, cidades do entorno, como Bacabeira e Rosário, tiveram um boom populacional. Milhares de pessoas vieram de todos os cantos do Estado à procura de empregos e novos negócios, relatam os moradores locais. Restaurantes, hospedarias e hotéis foram construídos. "As duas cidades foram invadidas por uma avalanche de pessoas, que vinham na esperança de trabalhar. O mercado imobiliário inflacionou de uma hora para outra. Isso destruiu os dois municípios. Criou problemas para quem morava na região e para quem vinha de fora. Muitos desses, no fim, acabaram ficando e aumentou o desemprego, a prostituição e a criminalidade", afirmou Edilson Badez das Neves, presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema).
Após firmar um convênio com a Petrobras, a entidade chegou a construir uma escola do Senai em Rosário para capacitar moradores. A instituição de ensino, que custou 14 milhões de reais, sendo que 8 milhões de reais vieram do BNDES, foi erguida com o objetivo de formar cerca de 3.000 trabalhadores para a área de construção civil, mecânica e óleo e gás. Sem a refinaria, a Fiema teve de reestruturar o local e passou a oferecer cursos de carpintaria e eletrônica para apenas 300 alunos.
O governo do Maranhão avaliou que as perdas foram "incalculáveis nos aspectos econômico, ambiental e social". Uma comissão externa foi criada na Câmara dos Deputados para apurar os gastos que o Estado teve com o empreendimento e cobrar da estatal a devolução dos recursos. Oficialmente, o governo informa que investiu mais de 50 milhões de reais na obra e que deixará de recolher mais 53 milhões de reais em incentivos fiscais. "Vamos cobrar judicialmente o ressarcimento porque a Petrobras anunciou, o governo foi lá, e nada foi feito. As pessoas se dispuseram a fazer investimentos. Populações foram desapropriadas. Isso nós não podemos aceitar", afirmou a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), presidente da comissão.
A Petrobras ofereceu a devolução do terreno ao governador Flavio Dino (PCdoB), que rechaçou a possibilidade, afirmando querer "uma refinaria pronta" — mesmo que com capacidade menor. Os moradores tampouco querem as terras de volta porque, devido ao excesso de cal depositado durante a terraplanagem, ela está imprópria para o plantio. Dino fez um apelo à presidente Dilma Rousseff para que ela intervisse no caso, mas não houve qualquer sinal da presidente de que o projeto prosseguirá. A Petrobras afirmou que não iria se pronunciar.
Retratos do populismo, da roubalheira e da desolação. Isso é o PT no poder
Veja online

Luciana Genro assume cargo na bancada do PSOL na Assembleia do RS

"PROFESSORA" LUCIANA GENRO CONSEGUE 'BOQUINHA' NA ASSEMBLEIA GAÚCHA!!!

Ela mesma, a rainha da esquerda brasileira Luciana Genro. Desde ontem é a coordenadora-geral da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul,
Vai receber R$ 16,9 mil mensais.

Já estou com pena da Professorinha Luciana. Vai fazer a coordenação-geral de toda a bancada do PSOL.
Sabe quantos deputados têm o partido tri-de-esquerda?

UM. Pedro Ruas.   (Marido da Luciana)

Não, não é Piadinha. 
Descrição:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkeT8ZReE683cPbjcsl9aMKt0tI2k_td4LIfklOxF8v3MOL-vT0N40CzK8anLymAFYdjDcCtAy-Efo4fl7ACl53aev90EH80P2T9tCeMFs2EKWR3kqDZzYSCZUSmG3XRwWwsn8oW1whrA/s1600/luciana+boquinha.jpg
Comunista espertinha!  E com o dinheiro dos impostos cobrados do brasileiro. Muito bom, para ela.  

Eles sabiam de tudo (mesmo)

Lula sabia que a única forma de ficar no poder com um grupo político feito de pessoas medíocres, despreparadas, hipócritas e desesperadas por cargos e verbas era se fingir de coitado, chorar e parasitar o Estado brasileiro com todas as suas forças

Guilherme Fiuza — O Globo

O ex-presidente bonzinho do Uruguai, José Mujica, contou que o ex-presidente bonzinho do Brasil, Lula da Silva, se sentiu culpado pelo mensalão. Está registrado e agora publicado em livro: segundo o companheiro Mujica, Lula lhe confidenciou que o mensalão era “a única forma de governar o Brasil”.
Que ninguém tome isso ao pé da letra. Não é que o mensalão seja a única forma possível de governar. Tem também o petrolão e seus derivados. Ou seja: a única forma de governar o Brasil é roubar os brasileiros, enriquecer o partido e comprar a vida eterna no poder.
Esse golpe está sendo dado há 12 anos, e há dez o Brasil brinca de se perguntar se Lula sabia. Eis a resposta entregue de bandeja pelo amigo de fé, irmão camarada Mujica: Lula sabia que a única forma de ficar no poder com um grupo político feito de pessoas medíocres, despreparadas, hipócritas e desesperadas por cargos e verbas era se fingir de coitado, chorar e parasitar o Estado brasileiro com todas as suas forças.
O império do oprimido ofereceu ao país incontáveis chances de perceber a sua única forma de governar. Escândalos obscenos foram montados dentro do Palácio do Planalto, envolvendo os principais personagens do Estado-Maior petista.
Hoje o Brasil é governado por uma marionete desse sistema único de governo (SUG), uma presidente solidária ao seu tesoureiro preso, acusado de injetar em sua campanha eleitoral dinheiro roubado da Petrobras.
Uma presidente que exalta como heróis os mensaleiros julgados e condenados. E que presidiu o conselho de administração da maior estatal brasileira enquanto ela era depenada por prepostos do seu partido.
Foi necessária a confissão de um companheiro uruguaio para desvelar o óbvio: eles sabiam de tudo. Tudo mesmo.
Essa forma única de governar o Brasil só tem uns probleminhas: a economia acaba de registrar sua maior retração em 20 anos, na contramão dos emergentes e do mundo; a inflação avacalhou a meta e taca fogo na antessala da recessão; o desemprego voltou às manchetes, apesar das tentativas criminosas de esconder seus índices durante a eleição; a perda do grau de investimento do país está por uma unha de Levy, após anos de contabilidade criativa, pedaladas fiscais e outras orgias progressistas para esconder a gastança — a única forma de governar.
Com inabalável firmeza de propósitos, o PT chegou lá: tornou-se o cupim do Estado brasileiro. Hoje é difícil encontrar um cômodo da administração pública que não esteja tomado pelo exército voraz, que substitui gestão por ingestão. O Brasil quer esperar mais quatro anos para ver o que sobra da mobília.
Mujica disse que Lula não é corrupto como Collor. Tem razão. O Esquema PC era um careca de bigode que batia na porta de empresários em nome do chefe para tomar-lhes umas gorjetas. O mensalão e o petrolão foram dutos construídos entre as maiores estatais do país e o partido governante. Realmente, não tem comparação.
Os cupins vão devorando o que podem — inclusive informação comprometedora. As gravações da negociata de Pasadena, presidida por Dilma Rousseff, sumiram. Normal. Dilma, ela mesma, também sumiu.
Veio o Dia do Trabalho, e a grande líder do Partido dos Trabalhadores não apareceu na TV — logo ela, que convocava cadeia obrigatória de rádio e TV até em Dia das Mães. Pouco depois, veio o programa eleitoral do PT e, novamente, a filiada mais poderosa do partido não foi vista na tela.
Quem apareceu foi Lula, o amigo culpado de Mujica, vociferando contra os inimigos dos trabalhadores, as elites, enfim, toda essa gente que não compreende a única forma de governar o Brasil. E os brasileiros bateram panela em todo o território nacional — o que algum teórico progressista ainda há de explicar como uma saudação efusiva ao filho do Brasil adotado pela Odebrecht.
O ministro da Secretaria de Comunicação disse que é um erro vincular Lula e Dilma ao PT. Já o PT tenta parecer desvinculado do governo Dilma. Pelo menos isso: eles sabiam de tudo, mas não têm nada a ver uns com os outros.
Em meio aos panelaços, foi possível ouvir o balanço da Petrobras contabilizando 6,2 bilhões de reais de corrupção. Ou seja: as informações da Operação Lava-Jato, que apontam o PT e a própria presidente da República como beneficiários do petrolão, foram oficializadas no balanço auditado da maior empresa brasileira.
Pena Lula não ter conversado sobre isso com Mujica. Os brasileiros vão ter que perceber sozinhos: esta só continuará sendo a única forma de governar o Brasil se o Brasil não cumprir o seu dever de enxotar um governo irremediavelmente delinquente.

Líder radical de professores do Paraná admite que salários são bons. E por que ela lidera greve e invasões? Para cumprir a tarefa do PT, ora essa!


Há coisas que deveriam envergonhar a APP Sindicato, que é a entidade que representa os professores da rede pública do Paraná. Deveriam envergonhar ainda mais a esmagadora maioria da imprensa — a de alcance nacional também, mas especialmente a regional, a paranaense. Por que escrevo isso? O governador Beto Richa (PSDB) está sendo estupidamente atacado pelas esquerdas do Estado. E isso já era o esperado. Mas virou alvo de jornalistas do país inteiro, que sonegam dos leitores, dos telespectadores, dos ouvintes e dos internautas, de forma sistemática, a realidade salarial dos professores do Estado. A greve que está em curso é abusiva legal e moralmente. É injustificável sob qualquer critério que se queira. Sabem quem reconhecia isso até outro dia? O próprio sindicato.
O que temos aí? Em setembro do ano passado, Marlei Fernandes, então presidente do sindicato, faz campanha eleitoral em favor da Chapa 1, que era a da continuidade. Ela defende a eleição de seu aliado Hermes Leão, o que acabou acontecendo. Ambos foram protagonistas da invasão da Assembleia Legislativa em fevereiro e do ataque ao cordão de isolamento que protegia o prédio, feito pela Polícia Militar no dia 29. Marlei foi candidata a deputada federal pelo PT, mas não se elegeu. informei aqui as condições de trabalho dos professores do Paraná, superiores às da maioria dos profissionais de outros Estados. Alguns tontos quiserem contestar, sem dados. Pois é… Quem confirma tudo é justamente a professora Marlei, a petista. O que ela diz no vídeo? Vai a fala transcrita, para o caso de ser eliminada do YouTube.
“Em 2002, o salário de um professor e de uma professora em final de carreira era de R$ 2 mil, somados aos quinquênios. Hoje, o salário, no final do Nível II, Classe 11, é de mais de 8 mil. E, no final da carreira, Nível III, Classe 11, é de aproximadamente R$ 12 mil. Isso é compromisso dessa direção. Os funcionários da escola Agente 1 tinham, em 2002, no início de carreira, R$ 248; hoje, pode se aposentar com mais de R$ 5 mil, somados os quinquênios. O Agente 2 tinha um início de salário de R$ 348 e, hoje, pode se aposentar com mais de R$ 7 mil. Essa é a condução séria, que a direção da APP, através da Chapa 1, sempre fez. Agora, o professor Hermes Leão, que sempre esteve conosco em todas as batalhas, vai conduzir, juntamente com os demais companheiros e companheiras, a nossa próxima gestão. Estaremos firmes, mais fortes, contundentes, com a mesma responsabilidade de sempre, dirigindo a APP Sindicato. Por isso, dia 10 de setembro, vote Chapa 1 Estadual e Chapa 1 Regional, para a nossa categoria continuar avançando. Um grande abraço”.
Eis aí: o próprio sindicato reconhece a boa realidade salarial dos professores no Estado. É claro que Marlei faz de conta que tudo nasceu da sua “luta”, não do esforço dos sucessivos governos, muito especialmente o de Beto Richa, em elevar o salário da categoria. Como já afirmei aqui, o piso para 40 horas no Estado é um dos mais altos do país: R$ 3.195; a remuneração média é de R$ 4.700. Dessas 40 horas, 14 são dedicadas à chamada hora-atividade. Desde 2010, foram contratados 23.653 professores, e o fundo para manutenção das escolas teve reajuste de 61%.
E por que os professores estão em greve? Porque assim decidiram o PT e a seus aliados de extrema esquerda. O pretexto de que a mudança em regras da aposentadoria vai prejudicar o sistema é falso.
Alguém poderia perguntar: “Ah, mas esses números justificam a violência policial?”. Não! Em primeiro lugar, eles mostram o absurdo da greve, já declarada ilegal. Em segundo lugar, é preciso que se verifique violência contra quem e em que circunstâncias. A PM saiu descendo o sarrafo em manifestantes pacíficos ou enfrentou brucutus, alguns deles mascarados, que depredavam o patrimônio público e tentavam invadir a Assembleia Legislativa?
Reitero: este post não traz a versão do governador, mas a da ex-presidente do sindicato, uma das líderes da greve, da invasão e da tentativa de invasão. Ela também foi candidata a deputada federal pelo PT, derrotada no ano passado.

Reinaldo Azevedo

 

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