Na penúltima publicação deste blog, mostrei que a previsão dos
gastos com a dívida pública brasileira para 2017 corresponde à 36,6% do
orçamento estabelecido pelo congresso, tal publicação pode ser lida
clicando no link abaixo:
Como dito na publicação, o montante que o governo deve a pessoas
físicas brasileiras através do tesouro direto é ínfimo, veja na figura
abaixo quais são os maiores credores da dívida pública nacional, que em
abril de 2017 correspondia à 3.244,5 bilhões de reais:
- Fundos de previdência (26,0%): Trata-se de milhões de pessoas físicas através de instituições financeiras, principalmente bancos
- Fundos de investimento (23,2%): Cotas de fundos disponibilizados no mercado financeiro
- Instituições financeiras (21,9%): Bancos comerciais são os maiores detentores.
- Não-residentes (13,6%): Investidores internacionais
- Outros (5,4%): Aqui inclui-se o tesouro direto
- Governo (5,3%): Fundos de órgãos públicos nacionais, entre os maiores: FAT, FGTS e SOBERANO
- Seguradoras (4,5%): Seguradoras financeiras
Esse cenário evidencia o que Karl Marx afirmava ser o capital baseado
em juros. A teoria de acumulação financeirizada de François Chesnais
aponta que existe um mercado real (composto por empresas produtivas,
envolvendo insumos, produção, receita, vendas, etc…) e outro fictício
(composto por agentes financeiros, bolsas de valores, fundos de
investimento, entre outros, envolvendo especulação, balanços contábeis
mascarados, índices financeiros desconexos com a produtividade, etc…).
Ainda segundo Chesnais, o mercado de juros possui regras próprias,
funciona como o grande articulador de recursos dentro do capitalismo, e a
movimentação destes recursos independe do mercado real, ou seja,
empresas mais produtivas não necessariamente recebem mais recursos, e
nem tampouco empresas que estão produzindo menos deixam de receber
grandes fortunas.
A iniciativa defendida por esse blog é que haja um equilíbrio entre
os dois maiores agentes na economia (governos e instituições
financeiras), um exemplo seria o governo criando leis que exijam padrões
contábeis internacionais detalhados para as demonstrações de
balanços de empresas na bolsa de valores. Outro exemplo, que já
acontece, é a existência do compulsório, o qual limita o poder dos
bancos (entenda o que é compulsório clicando aqui).
O mais importante é fazermos com que a economia se baseie na
produtividade, através de um aprimoramento do sistema capitalista.
Quanto mais a economia fictícia se aproximar da economia real, melhor
será para toda a população.