Criação de estatais nos governos petistas provocou prejuízos

por Míriam Leitão

Montar estatais sem estipular objetivos para elas é um problema. De 2003 a 2015, os governos petistas criaram 41 estatais que geraram prejuízo acumulado de R$ 8 bilhões. O levantamento, divulgado pelo “Valor Econômico”, foi feito pelo Instituto Teotônio Vilela, o centro de estudos do PSDB.

Só com a folha salarial, o custo dessas novas estatais foi de R$ 5 bilhões. Na média, o projeto petista montou mais empresas controladas pelo estado do que o governo militar. Durante os 21 anos da ditadura, um período reconhecidamente estatizante, foram criadas 47 estatais.

Nessa análise não deve caber ideologia. O modelo de empresa controlada pelo estado, em si, não é ruim. Às vezes, é preciso prestar um serviço ou criar uma tecnologia, e o setor privado não tem interesse no negócio. O estado pode entrar para desenvolver o mercado até que a operação fique viável economicamente. O problema é que, no modelo petista, as companhias viraram um cabide de emprego e um centro de prejuízo.

Um dos exemplos é a Empresa de Planejamento e Logística, a EPL. Ela foi criada para fazer o trem-bala e determinar o planejamento do setor logístico do país. O comando ficou com Bernardo Figueiredo, que era muito poderoso à época. Por alguma razão, ele saiu do governo e a EPL foi abandonada. Hoje é uma empresa com funcionários, mas sem função.  
Entre os maiores rombos, estão a Petroquímica Suape, que acumula R$ 3 bi de prejuízo, e a Petrobras Biocombustível, com perda de R$ 2,15 bi. Há também a Hemobras, companhia criada para desenvolver medicamentos derivados do sangue, que teve prejuízo de R$ 266 milhões e é investigada por desvios. No grupo ainda aparece a Amazul, criada para desenvolver parte da tecnologia do submarino nuclear. Ela deu prejuízo de R$ 27 milhões e hoje pouco se fala do submarino.      

O problema é criar a estatal sem definir metas claras, de equilíbrio entre despesas e receitas. Ela não deve ser um cabide de empregos, sem função específica, um centro de prejuízos para sempre. É preciso fazer um estudo para saber a viabilidade dessas dezenas de estatais criadas. Algumas, mesmo dando prejuízo por um tempo, têm função e precisam de planejamento e divulgação transparente sobre a operação e os objetivos.

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