Para
quem afirma que a "ideologia de gênero" não passa de uma farsa ou de
uma invenção dos cristãos, a realidade oferece provas irrefutáveis do
contrário. Essa teoria não só existe, como já está dando os seus frutos
ao redor do mundo.
O Brasil não é o único país a lutar contra a ideologia de gênero. Na
Itália, as escolas reabriram recentemente o debate sobre o assunto,
graças ao protesto da ministra da educação, Stefania Giannini, para quem
todo esse alvoroço não passa de "
truffa" (em bom português, uma fraude).
Um regime autoritário não poderia fazer melhor. De fato, o que unem a
ministra italiana, a comunidade LGBT e as grandes manchetes é a negação
das evidências. Para o movimento gay, "a ideologia
gender não existe", "é uma invenção do Vaticano". Para La Repubblica,
"é um fantasma que ronda a Itália". Para a BBC, "é só uma invenção
retórica, um ídolo polêmico cheio de nada". Junto a esses grandes
veículos de comunicação, está uma multidão de programas de TV, blogs e
pequenos jornais, todos alinhados com a causa negacionista.
Mas, será mesmo a "ideologia de gênero" uma "invenção de católicos"?
Os "estudos de gênero" (gender studies) – que começaram a
surgir nas universidades ainda na década de 1960, evoluindo nos anos 80
para a proteção das chamadas "minorias LGBT" – não nos deixam mentir. A teoria gender não só existe, como já está dando os seus frutos ao redor do mundo.
Para entender como funciona essa ideologia, seguem aqui alguns dos seus
principais "mandamentos", princípios sem os quais toda a farsa
desmorona e não se pode ir adiante no processo revolucionário.
I. Não há diferenças entre homens e mulheres
A finalidade original dos "estudos de gênero" (
gender studies) nos anos 60 era afirmar a absoluta igualdade
entre homem e mulher, a fim de libertar e emancipar esta última da
"discriminação". Era preciso negar a distinção entre masculino e
feminino, contestando, por exemplo, a existência de profissões
tipicamente masculinas e outras tipicamente femininas, além de negar as
especificidades dos papéis materno e paterno na educação dos filhos.
Para a ideologia de gênero, homem e mulher são intercambiáveis em
qualquer função. A importância do papel da mulher, particularmente no
âmbito familiar, não passaria de uma convenção social e de uma opressão
histórico-cultural, da qual ela se deveria libertar.
Curiosamente, um dos países com as mais altas taxas de "igualdade de
gênero", a Noruega, sempre viu a engenharia civil repleta de homens e a
enfermagem repleta de mulheres, não obstante os múltiplos esforços
educacionais para incutir na cabeça dos jovens que não há nada de
diferente entre os sexos. Foi o que observou o documentário
Hjernevask ("Lavagem Cerebral"), exibido pelo comediante
nórdico Harald Eia. Há alguns anos, ele gravou um documentário expondo
ao ridículo os "estudos de gênero". O resultado pode ser acompanhado
abaixo:
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=G0J9KZVB9FM
II. O sexo biológico é modificável
A ideologia de gênero vê o sexo biológico como um dado transitório e
maleável, que pode ser tranquilamente transformado pela escolha de um
"gênero" diferente, não importando a idade em que a pessoa se encontre.
Comportamentos como a transexualidade são encorajados e vistos como
demonstração de liberdade e emancipação individuais. (
Embora, na verdade, não seja nada disso.)
A própria definição de ser humano, ainda que a nível burocrático, passa
a ir além dos dois sexos biológicos universalmente reconhecidos
(masculino e feminino), adaptando-se a infinitas e fantasiosas nuances
de gênero. As redes sociais já se adequaram a essa ditadura ideológica.
No formulário de cadastro do Facebook, por exemplo,
constam 56 diferentes formas de uma pessoa definir a própria sexualidade.
Enquanto isso, as legislações de alguns países afora já reconheceram,
além dos sexos masculino e feminino, um fantasmagórico gênero "neutro".
III. Família natural? Um estereótipo.
Para os ideólogos de gênero, a família natural, composta por pai, mãe e
filhos, não passa de um estereótipo cultural baseado na antiga opressão
do homem sobre a mulher – agora superada pela liberação sexual feminina
e pelas várias definições abstratas de gênero. Superado o esquema
homem-mulher, até mesmo a ideia tradicional de família vem abaixo. O
plural passa a ser obrigatório: não existe mais "a" família, mas "as"
famílias, que incluem todo agregado social fundado sobre um conceito
genérico de "amor". Entram na lista, obviamente, até mesmo os
relacionamentos chamados "poliafetivos", que constituem o mais novo
objeto de reivindicações políticas e sociais.
Da Holanda, por exemplo,
vem o curioso caso de Jaco e Sjoerd, Daantje e Dewi,
dois pares homossexuais que decidiram formar, os quatro, uma só
"família". Ambos os "casais" já têm os seus relacionamentos registrados
no civil, mas, agora, anseiam pelo reconhecimento de um "quinteto
amoroso". Tudo porque Jaco e Sjoerd decidiram compartilhar a sua "união"
com outro homossexual, Sean. Agora, Daantje está esperando um filho de
inseminação artificial e quer ver os seus parceiros como pais da
criança. "Cinco genitores com iguais direitos e deveres, divididos em duas famílias", ela diz. "São essas as condições do contrato que todos nós assinamos e submetemos ao cartório."
Foto: Vice Netherlands
Há quem diga que isso representa o avanço da humanidade – só se for no processo de destruição da família.
IV. "Dessexualizar" a paternidade
Se a família natural não passa de um estereótipo, a consequência
inevitável é a dessexuação da paternidade. Os filhos deixam de ser
frutos da relação sexual entre um homem e uma mulher para serem gerados
artificialmente por qualquer grupo social. Promove-se a fecundação
in vitro e sustentam-se práticas objetivamente brutais, como a da "barriga de aluguel".
Falar do direito de uma criança ser educada por um pai e uma mãe é
considerado ofensivo. Os homossexuais não só passam a ter o "direito" de
adoção, como as suas relações são alçadas à categoria de "modelo", não
obstante as sérias e abalizadas objeções
de quem viveu na pele o drama de ser criado por pares do mesmo sexo:
"A maior parte das crianças criadas por 'pais gays' tem dificuldades com sua identidade sexual, está se recuperando de abusos emocionais, lutando contra o vício nas drogas, ou estão tão feridas por sua infância, que lhes falta a estabilidade de vir a público e encarar os ataques de um lobby gay cada vez mais totalitário, que recusa a admitir que haja algo errado em tudo isso."
V. Conquistar as escolas e a mídia
Para realizar a sua "colonização ideológica", um passo importante no avanço da agenda de gênero é conquistar os
ambientes de educação e de comunicação: as escolas e a mídia. É decisivo
para esses ideólogos conseguir o dinheiro público para entrar nos
institutos escolares e formar as mentes de gerações e mais gerações de
jovens e crianças na sua cartilha. Cursos e seminários sobre a
"igualdade de gênero" ou a "homofobia" não passam, pois, de Cavalos de
Troia, cuidadosamente introduzidos nas escolas e nas universidades para
modelar e (de)formar as almas dos mais frágeis.
Ao mesmo tempo, ocupando papéis-chave nos meios de comunicação, os
ideólogos de gênero visam influenciar mais massivamente a opinião
pública, enunciando os seus princípios como uma ideia avançada de
liberdade e descrevendo os seus opositores como retrógrados perigosos,
que, motivados por pura maldade, querem limitar a liberdade dos outros.
Descrições maniqueístas desse tipo estão espalhadas em toda a sociedade
ocidental: constituem uma característica do plano de ação da ideologia
de gênero, que pretende criar ícones homossexuais e transexuais, em
oposição à ainda resistente opinião pública. Quem discorda é abertamente
intimidado e atacado em sua liberdade de expressão. Daí a necessidade
de criar leis criminais para punir os adversários e acabar com a objeção
de consciência, promovendo, por outro lado, o linchamento midiático de
quem não se adequa à nova ditadura ideológica.
Resistir pressupõe, em primeiro lugar, conhecer os princípios que regem
essa "colonização ideológica" ainda em curso. Será realmente verdade
que a ideologia de gênero não existe? Cada um, observados os fatos, pode
julgar por si só. A realidade pode ser admitida ou negada. Podemos
permanecer de pé e enfrentar com coragem a batalha que está por vir ou,
ao contrário, podemos fingir que nada está acontecendo, ficar de braços
cruzados e deixar que a caravana passe. A escolha é individual.
Cada um deve escolher se quer deixar para os seus filhos um
mundo construído sobre a verdade, ou sobre a falsidade de uma ideologia.
Padre Paulo Ricardo
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