Logo após a Copa das Confederações, o
Estádio Mané Garrincha espantava sua fama de elefante branco com uma enxurrada
de jogos de times cariocas. Mas, aos poucos, a arena foi abandonada pelas
equipes do Rio que retornaram ao Maracanã. Resultado: há um mês não há partida
no local. Em 70 dias, foram dois confrontos. O jeito foi apelar a shows como o
da cantora Beyoncé para sustentar a praça esportiva.
Com dinheiro público, metade do governo
federal e metade do Distrito Federal, o estádio foi construído por R$ 1,5
bilhão em Brasília, cidade de pouca cultura de futebol. Abrigará sete partidas
da Copa-2014.
Sem futebol local forte, o Estado
atraiu Vasco, Botafogo e Flamengo para atuar em seus domínios. Deu certo quando
havia disputas com os administradores do Maracanã.
Mas, após a briga entre vascaínos e
corintianos, no final de agosto, o estádio sofreu um esvaziamento. Desde então,
foram apenas duas partidas em 70 dias. Houve um amistoso da seleção brasileira
com a Austrália, no dia 7 de setembro, e o clássico entre Flamengo e Vasco, no
dia 5 de outubro.
“Mas tenho certeza de que arrecadamos
mais do que o Maracanã neste período [semestre]. Foram R$ 3 milhões'', afirmou
ao blog o secretário extraordinário de Copa, Cláudio Monteiro. “Tivemos três
shows, com Beyoncé, Aerosmith e um show nacional. Temos outros três shows
agendados para o próximo ano. E um torneio da seleção feminina em dezembro.''
Segundo ele, o aluguel proporciona
lucro para governo do DF em relação ao custo de manutenção do estádio. Monteiro
explicou que não sabia o gasto anual de cabeça, mas informou que não é alto. Um
dos itens, contrato de empresa limpeza, exige o pagamento de R$ 1,9 milhão.
A operação em dias de shows ocorre por
conta das empresas organizadores dos eventos. O DF recebe um aluguel entre R$
150 mil e R$ 500 mil, dependendo do tamanho do evento. Beyoncé recebeu cerca de
30 mil pessoas, em setembro, menos do que os públicos iniciais de jogos do
Flamengo. O Aerosmith teve 25 mil de público, em outubro.
“Só vamos poder fazer uma concessão do
estádio depois da Copa-2014 que é o real motivo da construção. Ai, haverá uma
licitação'', contou Monteiro. Ele exaltou o fato de o estádio ter recebido 650
mil pessoas neste semestre após a Copa das Confederações, contra 350 mil de
público do antigo estádio.
O secretário de Copa do DF ainda
acredita que o Flamengo volte a atuar no Mané Garrincha, em 2014. Há um acordo
sobre o uso da arena, mas sem obrigação de realizar jogos por lá.
Se os eventos são suficientes para
pagar os custos, na palavra do governo do DF, estão longe de viabilizar os
gastos com a construção do estádio. Esses ficarão por conta do público.
Rodrigo Matto Uol
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