por José Seabra
Wagner não tem nenhuma rubrica de despesa em sua Secretaria, salvo para
um ou outro almoço ou jantar. Mas na maioria das vezes essas despesas são
cobertas com as benesses de um ilimitado cartão corporativo. Quando o dinheiro
é maior, ele bate na porta de Swedenberger Barbosa. Mas o chefe da Casa Civil
nem sempre ouve a campainha.
O prazer que Wagner costuma compartilhar com Agnelo e outros convidados
especiais – como secretários de Estado, parlamentares e dirigentes de partidos
políticos –, custa muito caro. Varia de dois a quatro milhões de reais. Posso
garantir dois. Um terceiro, por ter sido de ouvi dizer, não vale.
Os tapas, chutes, arranhões, dedadas (nos olhos) e outros golpes baixos
custaram algo em torno de 2 milhões à Terracap. É onde o cofre é aberto para
Wagner, quando Berger diz (com muita propriedade) não. O dinheiro serviu para
bancar a vinda a Brasília de uma etapa do MMA, que transformou o Ginásio Nilson
Nelson naquelas velhas arenas de Roma, para saciar a sanha (que dizem prazer)
sanguinária de angelicais ditadores.
Outros milhões de reais – o dobro dos tapas que fez do ginásio um ringue
de porrada – foram inspirados em Rita Lee em grande escala. Do Paranoá se fez
banheira de espuma. Motores potentes cruzaram as águas calmas do Lago para o
prazer de Roberto Wagner, Agnelo Queiroz e outros privilegiados. Mas quem
sentiu o baque mais uma vez foi a Terracap, patrocinando uma etapa da Fórmula
Mundial de Motonáutica que nada acrescentou a Brasília.
Os beijos – reitero, não vi, mas deles ouvi falar – teriam sido trocados
em uma das salas do Cláudio Santoro. Cenas de lesbianismo sob a ótica cultural,
onde duas mulheres teriam se beijado e se acariciado sob os olhares de Villa
Lobos. Ou teria sido de Martins Penna? A dúvida persiste. Até porque, aqui da
minha rede, a mais de 2 mil 400 quilômetros de distância, sequer consigo ver o
hoje abandonado Teatro Nacional.
O dinheiro para pagar os excessos paradisíacos de Roberto Wagner chegou
aos ouvidos do Palácio do Planalto. Dilma Rousseff esbravejou. Afinal, o
governo dela é detentora de 49% das ações da Terracap. Chamou Gleisi Hoffmann.
O abuso precisa acabar, disse a presidente, em tom imperativo.
De chefe da Casa Civil superior a chefe da Casa Civil inferior.
– Não tenho nada a ver com isso, esquivou-se Berger.
Disse apenas que negou verba para patrocínios de prazeres dessa
natureza. Não entregou Wagner. E também não deu o endereço do cofre.
A chefe da Casa Civil da Presidência da República não se deu por
vencida. Bastaram poucos telefonemas para descobrir os culpados. Dilma recebeu
um relatório verbal de Gleisi. A ministra foi orientada a mexer com seus
pauzinhos para que o Tribunal de Contas do Distrito Federal feche o cerco aos
desmandos na Terracap.
Quem vai entrar na briga agora é o Ministério Público. Ninguém subestima
o trabalho do Tribunal de Contas. Mas quando o assunto é porrada, tem voz mais
ativa para calar quem pensa que prazeres particulares podem ser pagos com o
dinheiro público.
Fonte: Notibras
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