O Senado caminha para aprovar nesta terça-feira (10), o projeto que
torna o crime eleitoral ainda mais atraente ao permitir o pagamento da conta
das irregularidades pelo contribuinte. É o que prevê o texto de autoria do
senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deve passar nesta tarde pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ). Uma proposta de Jucá, acatada pelo relator da
minirreforma eleitoral, o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp (RO),
permite que "multas decorrentes de propaganda eleitoral" sejam
custeadas pelo Fundo Partidário, um caixa formado por impostos pagos pela
população.

As multas eleitorais já são alvo de críticas de procuradores e
magistrados por conta dos baixos valores, que geralmente não superam R$ 15 mil.
O valor pequeno, segundo especialistas, tem servido como um estímulo a mais à
transgressão. Só na corrida presidencial em 2010, o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) condenou por propaganda eleitoral irregular 28 vezes a agora presidente
Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então
candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo José Serra. Contudo, todas
essas condenações só culminaram na aplicação de R$ 175 mil em multas.
Antes mesmo do período eleitoral, o TSE já recebeu quatro representações
de campanha antecipada dos possíveis candidatos à Presidência em 2014. Até o
momento, nenhuma delas foi julgada.
Autor da emenda que foi incorporada ao texto do relator, Romero Jucá
negou a intenção de usar dinheiro público para o pagamento de infrações de
candidatos. Segundo ele, a nova norma valeria apenas para irregularidades de
partidos. "É dinheiro público até chegar no partido. Quando chega, o
partido pode usar como quiser: pagar pessoal, comprar material", disse.
Contudo, o substitutivo aprovado na semana passada na Comissão de Constituição
e Justiça do Senado, que vai à última votação no colegiado nesta quarta, 11,
não faz tal discriminação. Como vai à votação em caráter terminativo na
comissão, se aprovada ela seguirá diretamente para a Câmara dos Deputados, caso
não haja recurso para apreciação no plenário do Senado.
O líder do PT na Casa, senador Wellington Dias (PI), concorda com Jucá.
"Infrações de candidatos têm que ser pagas com recursos pessoais. Mas o
partido deve poder usar o fundo para quitar débitos seus, uma vez que o
dinheiro já é dele.", destacou. Ex-procurador da República, o senador
Pedro Taques (PDT-MT) admite ter "restrições" ao uso que o texto
pretende dar ao fundo. "Ainda estou buscando um argumento jurídico, mas
lógico que é a proteção ao patrimônio público. Não dá para pagar uma
irregularidade com dinheiro público".
A proposta de minirreforma eleitoral amplia as modalidades de aplicação
do Fundo Partidário. Atualmente, os recursos podem ser aplicados na manutenção
e sedes de serviços do partido, com 50% podendo ser aplicado em pagamento de
pessoal, em propaganda, alistamento e campanhas eleitorais, em criação e
manutenção de instituto ou fundação de pesquisa, e na criação e manutenção de
promoção e difusão da participação política das mulheres. O fundo distribuirá
R$ 294 milhões às legendas este ano.
Câmara
A reunião que vai analisar o projeto foi uma convocação extraordinária
do presidente da comissão, Vital do Rego (PMDB-PB). Caso não seja apreciada até
5 de outubro pelo Congresso, a um ano antes do pleito do ano que vem, as novas
regras não vão valer já em 2014. O projeto ainda precisa ser apreciado pela
Câmara dos Deputados, Casa em que há outra proposta de minirreforma eleitoral,
relatada pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Jucá, contudo, disse que já
negociou com o deputado os pontos de seu projeto no Senado e garante que não
haverá dificuldades por lá.
Fonte: Agencia Estado
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