Conta do Mané não para de subir

Conta do Mané não para de subir

Orçado inicialmente ao custo de R$ 700 milhões, a arena para uma cidade que não possui  representante sequer na Série B do campeonato nacional chegará a R$ 1.780 bilhão.

Suzano Almeida
suzano.almeida@jornaldebrasilia.com.br

Os gastos com a construção do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha parecem não ter fim. Orçado inicialmente ao custo de R$ 700 milhões, a arena para uma cidade que não possui  representante sequer na Série B do campeonato nacional chegará a R$ 1.780 bilhão. Os dados foram divulgados pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), que aprovou as contas do GDF, ontem, com ressalvas. Os altos gastos  levaram a deputada Celina Leão (PSD) a iniciar um movimento para recolher assinaturas com o objetivo de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os gastos com a Copa do Mundo de 2014.


Segundo o levantamento do TCDF, os gastos são referentes a contratos já executados, futuros e valores custeados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O TCDF ressalta que somente os contratos para a reforma e ampliação do estádio, de fornecimento e instalação da cobertura atingiram  cifras de quase R$ 1,4 bilhão. Um acréscimo de mais de R$ 500 milhões em relação ao preço inicial, que era de aproximadamente R$ 870 milhões.

A Coordenadoria de Comunicação para a Copa (ComCopa) afirma, em nota, que os valores extras levantados pelo TCDF não se referem apenas a obras do estádio, mas inserções nos arredores. Entre elas obras de mobilidade e  urbanismo.

CPI

De acordo com a distrital Celina Leão, a CPI pedirá respostas sobre os gastos com a construção do estádio, a inauguração do Mané Garrincha, que teve até bufê para os convidados, além da distribuição de convites por parte da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), que também está sendo questionado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que pediu a devolução de R$ 2,8 milhões referentes a esses convites. 

Celina pede ainda que o GDF apresente uma planilha com o retorno do investimento possível com a obra. “Queremos saber como esse dinheiro retornará, pois eles aumentam gastos, enquanto o GDF não paga   creches conveniadas há dois meses”, ressalta.
  
Mão de obra irregular

Celina Leão conta que já iniciou o trabalho de investigação e que tem provas de irregularidades na construção do Mané Garrincha. “Recebemos em nosso gabinete várias denúncias sobre irregularidades, inclusive, temos como provar que eles (os gestores da obra) usaram mão de obra da Novacap, além de materiais, com mais de cem caminhões de massa asfáltica”, revela a deputada, que vê irregularidades no uso de recursos do públicos por parte do Consórcio. 

Assinaturas

A parlamentar acredita que não terá problemas para recolher as assinaturas necessárias, “Duvido que algum deputado terá coragem de se recusar a assinar a petição, por medo de os protestos chegarem à porta da Câmara Legislativa”.

Para a abertura de CPI na Câmara Legislativa, são necessárias oito assinaturas.
  
No final, capital fica no prejuízo 

O Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), divulgou  que Brasília arrecadará, até o fim da Copa das Confederações, algo entorno de R$ 22,2 milhões com o turismo por conta da abertura do torneio, realizado no último  sábado.
O valor representaria um prejuízo de quase R$ 20 milhões ao governo local, que investiu aproximadamente R$ 42 milhões com estrutura para a cerimônia de abertura da Copa das Confederações.
A Embratur  baseou-se numa permanência média de dez dias para os turistas estrangeiros e de três dias para os brasileiros.
O valor é questionado pelo GDF, que afirma que entre os dias 10 e 16 de junho, o DF arrecadou com a presença de turistas cerca de R$ 70 milhões. Segundo a ComCopa, o instituto leva em conta apenas o fim de semana da abertura. 
A Embratur informou que Brasília recebeu 358 turistas estrangeiros e 11.163 brasileiros.

“Nem com o tráfico”

De acordo com o professor da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli, os dados sobre o retorno trazido pela abertura da Copa das Confederações (foto) são de difícil interpretação, mas – como apurou o JBr na edição de segunda-feira –  a permanência de turistas após o dia do jogo não condiz com os dados apresentados pelo GDF ou pela Embratur. “Quem esperava que eles ficariam acredita em Papai Noel. O Cláudio Monteiro é um visionário, por achar que o estádio dará retorno a cidade em apenas dois anos. Nem se utilizando do tráfico isso seria possível”, ironizou Piscitelli.


Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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