O valor gasto para a
construção dos 12 estádios da Copa do Mundo no Brasil em 2014 é 78% maior que o
previsto na Matriz de Responsabilidades assinada em 2010. Em valores absolutos,
o orçamento subiu de R$ 5,3 bilhões para R$ 9,6 bilhões - incluindo os estádios
privados bancados pelos clubes, mas financiados com dinheiro Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já cedeu R$ 871,9 milhões aos
clubes. As informações foram atualizadas pelo Ministério do Esporte na
segunda-feira.
No entanto, essa não é
a conta feita pelo Ministério do Esporte, que compara a elevação atual dos
gastos com o último balanço das obras, divulgado em dezembro do ano passado,
período no qual se verifica uma elevação de quase R$ 900 milhões com estádios. Se
for comparado com o previsto em 2010, o orçamento subiu R$ 4,2 bilhões. Também
não é incluído na conta do governo o R$ 1,6 bilhão que será pago pelo Estado da
Bahia à concessionária responsável pela Fonte Nova, dividido em parcelas anuais
de mais de R$ 100 milhões, durante 15 anos.
Se for levado em conta apenas os gastos de governos estaduais e Parcerias
Público-Privadas (PPPs) para a construção dos nove estádios, o aumento no
orçamento foi de 68% desde 2010. O valor previsto incialmente para a construção
do Mineirão (Belo Horizonte), do Estádio Nacional (Brasília), da Arena Pantanal
(Cuiabá), do Castelão (Fortaleza), da Arena Amazônia (Manaus), da Arena
Pernambuco (Recife), do Maracanã (Rio) e da Fonte Nova (Salvador) subiu de R$
4,8 bilhões para R$ 8,1 bilhões.
O estádio mais caro é
a Fonte Nova. O custo previsto incialmente em R$ 591,7 milhões subiu para R$
689,4 milhões, somada a já citada contrapartida - criticada pelo Tribunal de
Contas da União (TCU) - que eleva o total R$ 2,2 bilhões, 289% acima do previsto.
Isso acontece porque a
escolha da empresa responsável pela reconstrução da Arena Fonte Nova foi feita
com base na contraprestação que seria paga governo do Estado. Ainda assim, o
governo baiano comemora a economia de aproximadamente 0,2% (R$ 4,5 milhões) do
total da obra porque pagará R$ 107,3 milhões anualmente, menos que os R$ 107,6
milhões previstos no edital.
O Estádio do Mineirão
teve a segundo maior variação de orçamento com aumento de 63% do valor em
relação aos R$ 426 milhões previstos em 2010, mas é uma PPP, financiada com
empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES feito pelo governo do Estado. Entregue em
fevereiro de 2013, o estádio mineiro custou R$ 695 milhões. As autoridades
responsáveis pela obra justificam que quando foi assinada a matriz de responsabilidades,
ainda não tinha sido feito um projeto que contemplasse todas as exigências
necessárias.
O segundo estádio mais
caro foi o Estádio Nacional de Brasília, que custou mais de R$ 1,4 bilhão, 88%
acima dos R$ 745,3 milhões previstos incialmente. Além disso, o governo do
Distrito Federal arcou com todos os cursos sem recorrer a financiamento do
BNDES.
O TCU classificou o
estádio como um dos “elefantes brancos” da Copa. A justificativa das
autoridades é de que o estádio se tornará uma arena multiuso. Em maio foi
disputado no local o jogo entre Santos e Flamengo, pela primeira rodada do
Campeonato Brasileiro, que gerou a renda recorde de R$ 10 milhões. No entanto,
o governo do Distrito Federal cedeu o estádio por uma taxa de apenas R$ 4 mil.
Confira a variação de
custo de cada estádio da Copa do Mundo de 2014:
ESTÁDIO | VALOR EM 2010** | VALOR EM 2014** | VARIAÇÃO |
Mineirão (Belo Horizonte) | R$ 426.100.000,00 | R$ 695.000.000,00 | 63% |
Estádio Nacional (Brasília) | R$ 745.300.000,00 | R$ 1.403.000.000,00 | 88% |
Arena Pantanal (Cuiabá) | R$ 454.200.000,00 | R$ 570.100.000,00 | 26% |
Arena da Baixada (Curitiba) | R$ 184.500.000,00 | R$ 326.700.000,00 | 77% |
Castelão (Fortaleza) | R$ 623.000.000,00 | R$ 518.600.000,00 | -17% |
Arena da Amazônia (Manaus) | R$ 515.000.000,00 | R$ 669.500.000,00 | 30% |
Arena das Dunas (Natal) | R$ 350.000.000,00 | R$ 400.000.000,00 | 14% |
Beira-Rio (Porto Alegre) | R$ 130.000.000,00 | R$ 330.000.000,00 | 154% |
Arena Pernambuco (Recife*) | R$ 529.500.000,00 | R$ 532.600.000,00 | 1% |
Maracanã (Rio de Janeiro) | R$ 600.000.000,00 | R$ 1.050.000.000,00 | 75% |
Fonte Nova (Salvador) | R$ 591.700.000,00 | R$ 2.298.900.000,00 | 289% |
Estádio de São Paulo (São Paulo) | R$ 240.000.000,00 | R$ 820.000.000,00 | 242% |
TOTAL | R$ 5.389.300.000,00 | R 9.614.400.000,00 | 78% |
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