
Com o
valor é possível comprar 147 mil litros de gasolina a R$ 2,99, preço praticado
na maioria dos postos de combustível em Brasília. Com um carro com média
de consumo de um litro para cada dez quilômetros rodados, os parlamentares
conseguiriam percorrer nos oito meses 1,4 milhão de quilômetros, distância
equivalente a 36 vezes a circunferência da Terra, que é de 40.000 km.
Como
na Câmara Distrital há 24 deputados, a média de quilômetros por deputado seria
de 9.000 quilômetros por mensais. É como se cada um deles rodasse por mês
distância equivalente a uma viagem de ida volta entre os extremos do Brasil, do
Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).
As informações dos valores gastos por cada deputado estão
disponíveis no site da CLDF (Câmara Legislativa do DF), que também
aponta recorde histórico de gastos parlamentares. Em oito meses de trabalho
foram pelo menos R$ 2 milhões utilizados, número 27% maior em relação ao mesmo
período do ano passado.
Deputado justifica: “Reuniões constantes”
A
verba indenizatória mensal, estipulada em até R$ 20 mil para cada distrital, é
um direito dado aos deputados. Trata-se de um recurso que o Poder Legislativo
repassa para custear os trabalhos dos gabinetes parlamentares. Chama-se
indenizatória porque é liberada após os gastos realizados. A verba é usada
para ressarcir despesas com locação de imóveis e de veículos, material de
expediente, combustível e contratação de consultoria, entre outras.
O
valor gasto pelos distritais nos primeiros oito meses do ano pode ser ainda
maior, já que eles têm direito a usar R$ 60 mil por trimestre e a conta dos
últimos três meses ainda será fechada no fim de setembro.
O
deputado Sidney Patrício, do PT, foi um dos que mais gastaram com combustível
em 2013. Ele explicou que o dinheiro utilizado para essa finalidade é plausível
às funções que ele exerce na Casa.
— O
gabinete, eu, os assessores e demais funcionários fazemos reuniões constantes.
Precisamos nos deslocar e ir a algumas cidades do Entorno para fazer
atendimento e ouvir a população.
Para o
presidente da CLDF, Wasny de Roure (PT), no entanto, o uso da verba
indenizatória com gasolina pode não significar um aumento dos gastos públicos,
já que os parlamentares economizaram em outras áreas, como no uso da gráfica.
No
período, houve economia de 240 mil folhas de papel na comparação com os oito
primeiros meses do ano passado. Além disso, 26 servidores da CLDF foram
deslocados para outras áreas do governo local, evitando gastos da Câmara com
eles neste ano.
— Se
levarmos em conta o material e os servidores que estavam destinados a essa
função [da gráfica], com certeza é uma economia significativa.
Campeão de gastos
Para
usar o dinheiro da verba indenizatória basta apresentar as notas fiscais no
valor total de até R$ 20 mil. O deputado Benedito Domingos (PP) é o campeão
absoluto de gastos, com a média de R$ 19,5 mil em ressarcimento das despesas
mensais.
Caso
os outros 23 deputados usassem as verbas na mesma quantidade de Domingos, os
gastos durante o semestre aumentariam em quase R$ 1 milhão.
O
parlamentar é considerado o distrital menos transparente, de acordo com o
índice de transparência parlamentar do projeto Adote um Distrital, organização
que mede a transparência dos distritais.
A
página do deputado na internet não traz informações sobre o mandato, promessas
de campanha ou gastos do gabinete. De zero a dez, a nota de Benedito Domingos é
0,6 no ‘Adote um Distrital’. Mas ele não é o único. Dos 24 parlamentares, 20
foram reprovados na transparência, com índice abaixo de cinco.
A
assessoria de imprensa do deputado Benedito Domingos informou que a verba
indenizatória é usada em serviço do mandato, dentro daquilo que é permitido.
Fonte:
R7 / Estação da Notícia
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