Sem contar recurso do BNDES, dinheiro público na arena ficará entre R$
500 milhões e R$ 600 milhões

Sem contar o empréstimo do BNDES previsto para o estádio, que deverá
retornar aos cofres públicos, o investimento “a fundo perdido” do poder público
na arena ficará em algo entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhõies
O estádio, com as estruturas provisórias necessárias para a receber a
Copa, terá um custo que vai ultrapassar a casa do bilhão de reais. Sua
principal fonte de recurso são créditos fiscais concedidos pela gestão passada
da Prefeitura de São Paulo ao Corinthians. São R$ 420 milhões, nem tudo já
liberado para o clube a para a obra.
Parêntesis: este blog não irá discutir a natureza de recurso
público dos CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento) prometidos pela
prefeitura ao Corinthians no ano passado. Este entendimento já é pacificado por
Tribunal de Contas da União e jurisprudência dos tribunais superiores do país.

A maneira como estes recursos foram destinados ao Corinthians é, no
mínimo, nebulosa, e gerou uma ação do Ministério Público que corre na Justiça
para anular o benefício fiscal. Em março do ano passado, quando a obra já
estava a pleno vapor e tinha sido escolhida pela Fifa como a sede paulista para
a Copa, a prefeitura lançou uma concorrência pública para
escolher qual estádio receberia os R$ 420 milhões em créditos municipais.
Somente o Itaquerão poderia vencer a concorrência, como de fato venceu.
Trata-se de uma concorrência dirigida na mais límpida acepção do termo. Para o Ministério Público do Estado de São Paulo, é uma
“afronta à legalidade”. Ainda assim, à época, a prefeitura chamou a
concorrência de “mera formalidade”. Na prática, a Justiça só julgará em
definitivo a ação do MP quando a obra estiver concluída e os créditos fiscais
já concedidos e gastos. A solução, quando muito, será rever a legalidade da
concessão dos créditos com a proposta de algum tipo de medida compensatória do
clubve para com os cofres públicos.
Ainda no terreno das isenções, a Prefeitura de São Paulo concedeu
isenção total do ISS (Imposto Sobre Serviços) que incidiria no valor final da
construção do estádio, inicialmente orçado em R$ 820 milhões. Pela isenção,
pelo menos R$ 41 milhões deixarão de entrar nos cofres da Prefeitura, pela
alíquota de 5%. A isenção também é questionada pelo MP na Justiça, em
virtude da suposta falta de contrapartida social que o clube deveria prestar à
cidade.

Trata-se de um financiamento, que, ainda que subsdiado em virtude do
interesse coletivo da obra para a Copa, deverá voltar para o banco no prazo
previsto. Assim, existe o entendimento, popularizado pela presidente Dilma
Rousseff através de discurso proferido em meio aos protestos que tomaram conta
do país em junho deste ano, de que esses recursos não podem ser considerados
injeção de dinheiro público em obras da Copa.
Faz sentido. O BNDES tem entre suas funções financiar obras do setor
privado. De qualquer forma, dentre as obras privadas da Copa que o banco
financia, a do estádio corintiano é a que deverá receber o maior volume de
recursos , ou R$ 400 milhões.
Bom, investir em um estádio de futebol para a Copa que vai efetivamente
ser usado na Copa é certamente muito melhor do que investir em um hotel que
certamente não ficará pronto a tempo do Mundial e nem se pode afirmar que um
dia ficará efetivamente pronto.
É este o caso de outra das obras privadas da Copa com maior volume de
recursos públicos, a reforma do Hotel Glória, do empresário Eike Batista. Ele tomou R$ 200 milhões junto ao banco estatal
através da linha BNDES Pro-Copa Turismo. Depois, suas empresas entraram em
crise, a obra foi paralisada e agora têm previsão de entrega para 2015.
Claro que nem se cogita a hipótese de se cancelar o financiamento.
Há, ainda, as estruturas provisórias a serem instaladas no estádio.
Primeiro, será necessário montar 20 mil arquibancadas móveis, missão que está a
cargo do Governo do Estado de São Paulo. Segundo o secretário de Planejamento, Julio
Semeghini, elas irão custar R$ 38,1 milhões, e o governo paulista encontrou
investidores privados para paga-la. Ele anunciou, inclusive, que o
contrato para a obra seria anunciado em agosto, o que não aconteceu, então é
melhor esperar para saber quem vai mesmo pagar.
Por fim, há o restante das estruturas provisórias, como assentos
VIPs, sistema de iluminação, sistema de ar condicionado, equipamentos de
informática, telecomunicações e sistemas de TI (tecnologia da informação). Toda
a aquisição e implantação desses equipamentos estão a cargo da Prefeitura de
São Paulo.
Em uma previsão conservadora da vice-prefeita de São Paulo, Nádia
Campeão, o investimento total do município nessa área será de R$ 30 milhões a
R$ 40 milhões. Os contratos ainda não foram fechados, a menos de um ano da
Copa. Tomara que não sejam necessárias contratações de emergência…
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