
Nos momentos de folga, elas terão uma vida de luxo para os padrões locais.
As cubanas vão dividir uma casa com piscina, pomar, jardim, churrasqueira, salão de jogos, ampla garagem e quatro dormitórios, sendo um deles com banheira de hidromassagem. O aluguel da casa, de R$ 1.200, será pago pela prefeitura.
"A casa é espaçosa, tranquila. Quero aproveitar a piscina e chamar a minha amiga [médica cubana da cidade vizinha] para passar o final de semana aqui", diz Dunia.
Já no dia a dia de trabalho a vida não será tranquila. Todas as manhãs, serão obrigadas a fazer uma pequena viagem de cerca de uma hora entre a casa, na zona urbana, e os postos de saúde da zona rural onde irão atuar.
Os postos para os quais foram escaladas para trabalhar pelo programa Mais Médicos, do governo federal, ficam em povoados a 30 km e a 40 km do centro da cidade. As opções de trajeto são precárias estradas de terra.

Já a unidade de saúde do povoado de Lagoa do Maurício nem sequer está pronta. Faltam equipamentos, que devem chegar em duas semanas, segundo a prefeitura.
"Espero que resolvam logo esses problemas. Mas já vi isso na Venezuela. Tudo bem, vamos trabalhar e ajudar da mesma forma", disse Dorys.
A demanda diária desses postos é de 20 a 30 atendimentos. E nenhum deles tem médico fixo atualmente. Em Lagoa Clara, a estudante Jussiara Guedes, 19, grávida de sete meses, espera a estreia das cubanas.
"Só fiz uma consulta aqui, quando estava com três meses de gestação", afirmou.
Quem também espera por Dunia e Dorys é o agricultor Noé Barbosa, 65. "Estou com a receita do remédio vencida há três meses. Sem ela não dá pra pegar remédio. Preciso de um médico só para me dar a receita", disse à reportagem.
FESTA DO PIJAMA
As duas médicas cubanas chegaram na noite de anteontem ao município baiano. Ontem, elas conheceram a casa onde vão morar.
Já combinaram com funcionárias locais da Saúde uma festa do pijama e churrascos com cerveja aos finais de semana.
As cubanas e as funcionárias planejaram também uma espécie de troca de culturas: Dunia e Dorys aprendem a dançar forró e depois ensinam as brasileiras a bailar ao som de salsa e merengue.
Solteiras, as médicas deixaram suas filhas em Cuba. Dorys tem uma de 30 anos e Dunia, duas, de 9 e 12 anos.



Fonte: Folha.com
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