Presidente do CADE omitiu em ao menos 4 currículos oficiais ter trabalhado para o deputado do PT responsável por denúncias que tentavam atingir o PSDB.
Quando, em julho passado, o caso Siemens ganhou espaço nas principais manchetes nacionais, integrantes do governo Geraldo Alckmin,
do PSDB, foram os
primeiros a dizer que o PT estaria utilizando o CADE em prol de seus interesses eleitorais,
soltando dados sigilosos de forma seletiva, sempre a atingir os principais
adversários do partido. Uma matéria de ontem no Estadão veio dar mais força a essa tese:
O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade), Vinícius Marques de Carvalho, omitiu em ao menos quatro currículos
oficiais ter trabalhado para o deputado estadual Simão Pedro (PT),
responsável por representações que apontavam suspeitas de formação de cartel,
superfaturamento e pagamento de propina envolvendo contratos do Metrô e da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Documento
da Assembleia Legislativa paulista registra a passagem de Carvalho pela chefia
de gabinete de Simão Pedro entre 19 de março de 2003 e 29 de janeiro de 2004.O
vínculo não consta de nenhum currículo oficial apresentado por ele desde 2008,
quando passou a ocupar cargos no conselho. A
omissão ocorreu, inclusive, quando ele viabilizou sua indicação à presidência
do Cade pelo Senado em 2012. “Foi provavelmente um lapso”,
disse ao Estado o presidente do Cade.
(grifos nossos)
A
versão do deputado que envolvido fala, na verdade, em coincidência:
Simão
Pedro, que hoje ocupa o cargo de secretário de Serviços da gestão Fernando
Haddad (PT) na capital paulista, afirmou
que se trata de uma coincidência o fato de o caso Siemens, denunciado
inicialmente por seu gabinete, emergir no Cade após seu antigo assessor ter
assumido a presidência do órgão.
(grifos nossos)
Uma
coincidência bem conveniente aos interesses do PT:
Em um
documento enviado ao Senado pela então ministra da Casa Civil Erenice Guerra,
em 2010, por exemplo, Carvalho
lista suas “atividades profissionais” de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003 e,
na sequência, as de fevereiro de 2005 a fevereiro de 2006. Há um hiato justamente no
período em que atuou para o deputado petista. Na ocasião, Carvalho era
conselheiro do Cade e estava sendo reconduzido ao cargo. O currículo é detalhado, com nove
páginas, elenca oito “atividades profissionais”, mas silencia sobre a passagem
pelo gabinete de Simão Pedro. Em 2012, a ministra Gleisi Hoffmann, da Casa
Civil, também encaminhou o currículo de Carvalho ao Senado. Ela apresentava seu
nome para a presidência do Cade por quatro anos. A relação de “atividades
profissionais” não mencionou, igualmente, sua passagem pela Assembleia
Legislativa.
Os senadores aprovam as indicações para cargos públicos com base
em sabatina e no currículo que recebem da Casa Civil. A única menção ao trabalho na Assembleia
consta de documento enviado ao Senado em 2008, na primeira indicação de
Carvalho para o conselho. Na ocasião, ele informou que foi chefe de gabinete na
Assembleia, sem citar o deputado estadual petista.
(grifos nossos)
O PSDB paulista já se manifestou de forma a repudiar essa suposta coincidência:
O
presidente do Diretório Estadual do PSDB-SP, deputado Duarte Nogueira,
considerou nesta quarta-feira, 25, “gravíssima” a denúncia de que o presidente
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Vinícius Marques de
Carvalho, omitiu em seus currículos, inclusive nos utilizados pela Casa Civil ,
sua atuação como chefe de gabinete do deputado estadual paulista Simão Pedro,
do PT. Na sua avaliação, “é
repugnante” o governo petista de Dilma Rousseff “utilizar o Cade em uma
campanha político-eleitoral”. E
frisou: “É uma demonstração evidente do
aparelhamento do Estado. Do contrário, Carvalho não teria escondido das
autoridades seu DNA petista.”
(grifos nossos)
O
deputado Duarte Nogueira lembra inclusive que toda a operação do CADE foi
cirurgicamente direcionada aos principais adversários do PT:
Para
Nogueira, o
imbróglio com o Cade é “mais um caso desastroso de aparelhamento dos órgãos
públicos federais pelo PT e
seu uso ostensivo para obter na base da mentira vantagens eleitorais que os
inquilinos do poder federal não conseguem nas urnas”. O tucano disse que a
decisão de manter em sigilo seu vínculo com o PT pode explicar as decisões
tomadas posteriormente pelo presidente do Cade com relação ao processo de
investigação de formação de cartel por empresas que atuam no setor de
transportes sobre trilhos. “Como
se sabe, o Cade concentrou a investigação apenas em Estados governados por
adversários políticos do PT, como São Paulo, apesar das mesmas empresas atuarem
em todo o território nacional, inclusive em contratos com o Governo Federal”,
frisou.
(grifos nossos)
Por se ver como vítima de um cartel protagonizado pela Simens, o
governo de São Paulo processará a empresa alemã. E sugere que o governo
federal mantenha postura semelhante com seus contratos já que recentemente comprou trens para Porto Alegre e Belo Horizonte com apenas um
concorrente.
Fonte: O Implicante
Nenhum comentário:
Postar um comentário