Agnelo veta artigo que obriga placas a informarem custo de eventos no DF

O governador Agnelo Queiroz vetou parte da lei aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que obriga a instalação de placas informando sobre o uso de recursos públicos em eventos patrocinados ou promovidos pelo GDF. A lei, sancionada na segunda-feira (26), não prevê punição em caso de seu descumprimento.
Trecho do Diário Oficial que trata da obrigação de órgão a afixarem placas em eventos artísticos informando sobre o uso de recursos públicos  (Foto: Diário Oficial do DF/Reprodução)O artigo vetado estabelecia que as placas contivessem informações sobre o valor pago, o número do contrato firmado, o nome da empresa produtora contratada e a data de realização do evento esportivo, artístico ou cultural.
O artigo previa ainda que as placas fossem instaladas uma semana antes do início do evento e durante sua realização em local visível e com texto em letras que possibilitassem a leitura à distância pelo público.

Artigo foi retirado problemas técnicos e jurídicos, segundo o coordenador de assuntos legislativos do GDF, José Willemann. 
O erro jurídico, explica Willemann, consiste no desrespeito à restrição determinada pela Lei Orgânica do DF de que apenas uma norma de autoria do governador crie atribuições para as secretarias. Ainda conforme o coordenador, a inconsistência técnica está no fato de a lei não prever que outros órgãos, como administrações, e não apenas secretarias, sejam responsáveis por eventos.
Willemann afirmou que o veto não impedirá o governo de divulgar dados sobre os eventos. “A população pode esperar que haja placa informativa nos próximos eventos.”
Artigo do projeto de lei vetado pelo governador Agnelo Queiroz em sanção de norma (Foto: Reprodução)A autora do projeto, deputada Eliana Pedrosa (PSD), que faz oposição ao governo, afirmou que vai tentar derrubar o veto do governador na Câmara Legislativa. “Com a transparência nesses gastos, o cidadão poderá analisar se seu dinheiro está sendo bem aplicado pelos gestores”, disse a deputada.


Irregularidades em eventos 
O veto do governador ocorre em um momento em que os gastos com eventos por meio de emendas de parlamentares são contestadas por suspeitas de fraudes. No dia 15 de agosto, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal suspendeu por 30 dias a contratações de artistas para eventos, a fim de apurar denúncias sobre irregularidades no processo. Foi a segunda suspensão dos serviços.

No último dia 12 de julho, o governo interrompeu as contratações alegando que iria investigar os pagamentos e estabelecer “critérios mais rigorosos” para a escolha de artistas. Apenas entre os meses de maio e junho, o GDF gastou R$ 3,6 milhões com o serviço.
Em julho, o governo informou que pelo menos 60 contratos estavam sob suspeita de uso irregular de recursos públicos. Segundo o secretário de Cultura, Hamilton Pereira, a maior parte deles já foi analisada pela ouvidoria da pasta. Ele disse que a prorrogação da suspensão deve ser suficiente para apurar as possíveis irregularidades em todos os casos.
O governo informou que as novas contratações, ao final da suspensão, serão feitas pela Secretaria de Cultura com o auxílio do Sistema Cultural de Cadastro de Artistas (Suscult). Segundo a pasta, a medida vai facilitar o acesso de artistas locais e dar mais transparência ao processo.
Nomes de outras unidades da federação terão de fornecer mais informações sobre cachês, estrutura de show e número de funcionários antes de se candidatarem a uma vaga para se apresentar no DF.
Atualmente, o banco de dados do GDF tem 400 artistas cadastrados. Na ocasião da primeira suspensão, o governo disse que a análise da aplicação de recursos para a contratação de artistas seria feita por uma comissão formada por três integrantes da secretaria, entre eles dois advogados.

Empresas envolvidas em irregularidades podem ser proibidas de assinar contratos com o governo e estão sujeitas a investigações criminais.

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