Gente demais fazendo coisas de menos


Patrícia Fernandes
patricia.fernandes@jornaldebrasilia.com.br


Um carro com aparência luxuosa, mas com motor ineficiente. Essa é a analogia perfeita para a atual situação do cenário político brasiliense. Com 36 pastas, o Distrito Federal é recordista no número de secretarias. Contudo, a quantidade elevada passa longe de cumprir as funções básicas propostas. Pelo contrário, o que se vê são investimentos exorbitantes e um verdadeiro inchaço no serviço público. 

As cifras são espantosas. Para criar uma secretaria de pequeno porte, por exemplo, são retirados quase R$ 60 milhões dos cofres públicos. Mantê-la sai ainda mais caro. Exemplo disso é a Secretaria de Educação, que em 2012 recebeu aproximadamente R$ 3,3 bilhões do governo, seguida pelas secretarias de Saúde e de Cultura, que desembolsaram R$ 2,6 bilhões e R$ 177,7 milhões, respectivamente.

Mesmo diante dos expressivos custos e da notória ineficiência das secretarias existentes, a criação parece cada vez mais desordenada. Prova disso é que somente no governo atual foram instituídas 11 secretarias. Para especialistas, a elevada quantidade está diretamente atrelada a interesses políticos. Ou seja, elas são usadas para atender a solicitação de partidos aliados e tentar garantir um alto índice de apoio para as próximas eleições. Com isso, forma-se um aglomerado de pastas com funções parecidas e incapazes de atender as demandas da população.

Qualidade prejudicada
Para o cientista político Evandro Rodrigues Costa, o cenário que figura o inchaço das secretarias vem crescendo ao longo dos anos e se tornando preocupante. “Os últimos governos vêm repetindo a mesma história. Na maioria das vezes, esse aumento é fruto do compromisso assumido pelos governantes antes das eleições. São promessas de acomodar aliados e já garantir apoio para as próximas eleições”, disse.

Segundo Rodrigues, quando o critério político é o responsável pela decisão de criação de novas secretarias, a qualidade do serviço prestado é prejudicada. 

Para o analista político Antônio Augusto Queiroz, o excesso de secretarias é reflexo do alto número de partidos. “O governo tem a prática de colocar aliados em postos como a secretaria para que eles possam falar para fora. No DF, existe uma grande quantidade de partidos, um número muito maior do que nas outras cidades. Por ter uma base tão elástica, cria-se muitas secretarias com o objetivo de acomodar aliados”, explicou Antônio.

Ele destaca que a quantidade de secretários não é maléfica, porém a gestão deve ser feita de maneira eficaz. 

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Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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